"Virás comigo", disse, sem que ninguém soubesse onde e como pulsava meu estado doloroso e para mim não havia cravo nem barcarola, nada senão uma ferida pelo amor aberta. Repeti: vem comigo, como se morresse, e ninguém viu em minha boca a lua que sangrava, ninguém viu aquele sangue que subia ao silêncio. Oh amor, agora esqueçamos a estrela com pontas! Por isso quando ouvi que tua voz repetia "Virás comigo", foi como se desatasses dor, amor, a fúria do vinho encarcerado que de sua cantina submergida soubesse e outra vez em minha boca senti um sabor de chama, de sangue e cravos, de pedra e queimadura. Pablo Neruda "Cem Sonetos de Amor" - Soneto - VII |